sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Custos Escondidos = Resultados Surpresa



Talvez pouca gente saiba mas andamos a pagar os nossos serviços públicos bem abaixo do seu preço de custo. Por isso, as contas de luz que parecem grandes, seriam ainda maiores se o Estado não se chegasse à frente por nós. Bem, na verdade não chega, fica, ficamos todos, a dever à EDP uma soma que se vai acumulando ao longo de vários anos e que já é de alguns milhares de milhões de euros (não me enganei nas unidades, infelizmente). Na minha opinião essa benfeitoria do Estado é perversa porque cria nas famílias a falsa sensação de baixo custo, já que poucas sabem que os serviços públicos são subsidiados.

Entendo a origem deste mecanismo, na sua fundação seria para tornar acessíveis às populações pobres os serviços básicos. Na verdade, agora o único efeito é deixar mais rendimento disponível para comprar um telemóvel novinho em folha, já que já não vivemos no país pobre que era Portugal antes do 25 de Abril por exemplo. Acho que seria de maior utilidade adoptar a sinceridade e transparência em todo o processo e cobrar aquilo que realmente gastamos. Senão depois não se venham queixar que os economistas não percebem nada, que falharam completamente na crise financeira e dos Estados e que o capitalismo não funciona. Com este tipo de intromissões na formação de preços pois claro que não funciona.
Já agora, eliminar a taxa de audiovisiual (?!!) na factura da EDP e a taxa de utilização de subsolo (what thaaaa fuck??!) na da GALP seria de bom senso. Quem vê tv que pague o que tem de pagar, ou então dêem um serviço (verdadeiramente) aberto de tv. E no gás, a taxa de utilização de subsolo é ridícula, apenas mais um pretexto das Câmaras (a GALP é apenas um agente) para cobrar mais impostos. Faz-me lembrar que, há uns séculos atrás o uso de bigode ou a existência de janelas nas casas era tributada…Lá chegaremos novamente.

Há outros exemplos de custos escondidos de algo que aparentemente é grátis ou barato (nem me façam voltar ao tema das pensões). E isto surge, na minha opinião, porque o Estado Social quer criar a imagem de um organismo que tudo dá e nada pede (leia-se impostos). Aqui, dou duas frases empacotadas que respondem a isto.
“Não há almoços grátis” e “Não perguntem o que o vosso país pode fazer por vocês mas o que vocês podem fazer pelo vosso país” de Adam Smith e John F. Kennedy.

1 comentário:

Nuno disse...

100% de acordo, especialmente na parte que referes sobre o Estado Social. É como se o "establishment" (eia pá!) implicitamente admitisse que o sistema não funciona, que não é possível dar tudo a todos de borla sem ter de se pagar por outra via. Lembram-se do aluguer mensal do telefone que se pagava até há uns anitos e que o Sócrates terminou? E ainda dizem que ele fez tudo mal!
Só um reparo, nós não temos um sistema capitalista, atenção! Temos uma espécie de híbrido mutante chamado "economia mista de mercado", o qual inclui uma pitada de socialismo, outra de capitalismo de "sobrevivência do mais forte" mais um cheirinho de corporativismo salazarista. Uma coisa porreira, por sinal