Deixem-me defender os alemães, pelo menos desta vez.
Depois do fim da II Grande Guerra os EUA e os países europeus “botaram” a mão à Alemanha e, mesmo tendo-a esquartejado, ajudaram-na a recuperar da guerra e do domínio nazi de cabeça erguida e com meios para voltar a erguer-se. Foram impostas uma serie de condições, como um poderio militar muito limitado e os alemães lá se safaram. Muito bem, diga-se. Melhor do que o resto da Europa, também ela em parte destruída.
E pronto, este é um dos argumentos que muitos países vêem agora reclamar, mais ou menos explicitamente, como uma razão para a Alemanha os ajudar agora, no âmbito da UE e da Zona euro. Estão a utilizar um argumento muito sensível e a servir-se de uma análise simplista na minha opinião.
Isto porque se esquecem, ou querem esquecer, que depois de 45 a Alemanha cumpriu todas as regras e condições impostas, algo que não se passou nos últimos anos, com os países periféricos a ultrapassarem os défices muito além dos 3% (!!!) exigidos no PEC. O PEC é actualmente algo completamente ridicularizado! Para além disso todos os fundos comunitários que foram gastos (doações, leia-se) nesses países (com o FEDER, com a PAC etc etc) já deveriam tornar-nos mais agradecidos do que pedinchões crónicos.
Em cima disto tudo, não faz muito sentido estarmos a comparar uma situação de guerra, com uma situação de “meras” dificuldades económicas. É mau, mas não morre ninguém. Em 45 morriam, literalmente. Eu gostava muito que a Alemanha nos ajudasse, mas se isso não acontecer não vou ficar ressentido, isto porque Portugal não cumpriu as regras da EU nem do PEC. E culpar a crise não resolve. A UE é um contrato, não é a Santa Casa da Misericórdia.
E só espero que ninguém se lembre de ir pedir ajuda aos EUA, porque esses sim, estão tão fartos de ouvir a velha Europa lamentar-se que ainda nos apagam do mapa :p