Como não pretendo que ninguém seja apanhado desprevenido no que a "junk bonds" diz respeito coloco aqui uma análise da DECO a umas obrigações que estão em subscrição.
Ainda que os resultados do primeiro semestre do exercício em curso tenham alterado esta situação, graças à alienação de passes de jogadores, não deixa de ser um indicador de um risco muito elevado.
O encaixe desta emissão servirá para financiar o reembolso de uma obrigação de 40 milhões de euros que vence este mês.
Rendimento de 5,3%
Em subscrição até ao próximo dia 23 de abril, poderá investir nas obrigações da Benfica SAD com um mínimo de 100 euros e o reembolso ocorrerá em outubro de 2016. As ordens dadas poderão ser revogadas até 19 de abril.
Se mantidas até à maturidade e não prevendo qualquer incumprimento, irão proporcionar uma rentabilidade anual líquida de 5,3% (TAEL). Uma taxa que ultrapassa a rentabilidade dos depósitos a prazo e das Obrigações do Tesouro. Mas o risco é muito elevado.
Empresa muito endividada
Analisar uma sociedade anónima desportiva tem alguns aspetos particulares, mas deverá ser alvo da mesma bitola que as restantes empresas. Em primeiro lugar, a Benfica SAD é uma empresa muito endividada. De tal forma, que, no final do exercício 2011/12, as dívidas excediam os ativos, pelo que os capitais próprios são negativos. Esta situação é, em finanças, designada de falência técnica.Ainda que os resultados do primeiro semestre do exercício em curso tenham alterado esta situação, graças à alienação de passes de jogadores, não deixa de ser um indicador de um risco muito elevado.
O encaixe desta emissão servirá para financiar o reembolso de uma obrigação de 40 milhões de euros que vence este mês.
Contas no vermelho
Além dos capitais próprios estarem próximos do sinal negativo, as contas continuam a demonstrar um défice estrutural. Os prejuízos só pontualmente é que são compensados com alienações de jogadores a preços elevados. Algo que a Benfica SAD tem conseguido fazer nos últimos anos, mas que tem pouco paralelo noutros clubes, mesmo a nível europeu. O que faz com que não seja muito previsível que essas receitas se venham a repetir com a mesma frequência. Ainda que a boa performance da equipa de futebol nas competições europeias traga uma previsível valorização dos jogadores, além dos encaixes monetários diretos.Não subscreva
As contas da Benfica SAD são débeis, mas isso não quer dizer que esta sociedade não venha a reembolsar este empréstimo. Apenas que a sua capacidade financeira é muito inferior, por exemplo, à das empresas cotadas que recentemente têm emitido obrigações. Esta emissão não foi alvo de uma avaliação de risco de crédito (rating), o penaliza a procura por parte dos investidores institucionais.
Deste modo, desaconselhamos a subscrição destes títulos da Benfica SAD. Em nossa opinião, é preferível comprar em bolsa a Obrigação do Tesouro que vence em outubro de 2016, cuja rentabilidade anual líquida está nos 3,3%, desde que mantida até à maturidade, e cujo risco é bastante inferior.