No melhor emprego do mundo não se ganha o ordenado mínimo nem se é
empregado de uma multinacional. Ou talvez não seja bem assim.
Há uns dias fui à Fnac de Santa Catarina e fui atendido por uma
senhora com um sorriso contagioso, não naquele estilo lambe-botas/dá-me uma
gorjeta mas sim com uma simpatia genuína de quem faz o que faz por gosto e tem
intenção de prestar um serviço personalizado e melhor do que aquele que lhe é
exigido.
Após uma curta conversa com a sua colega, desculpou-se por ter
demorado a dar-me a sua atenção, disse-me que tipo de sanduíches tinham para o
almoço e recomendou-me a sua favorita. (Garanto-vos que não estava a ser
especialmente simpática comigo, vi que tinha este comportamento com todos os
clientes). Quando me entregou o
meu pedido na mesa, pediu desculpa pela demora e disse-me que esperava que não
tivesse prejudicado os meus horários! À saída interrompeu uma conversa para me
desejar uma boa tarde.
Só posso concluir que esta empregada de balcão é uma daquelas raras
pessoas que adora o que faz, fá-lo com profissionalismo e com um toque pessoal!
Naquele momento não pude deixar de sentir alguma inveja dela, seguramente que o
meu ordenado é melhor do que o dela mas com ainda mais certeza afirmo que ela
se diverte mais no seu dia de trabalho do que eu e isso vale muitos zeros no
recibo de vencimento. É preciso muita coragem para escolher fazer algo que
gostamos muito em detrimento daquilo que nos dá (alguma aparente) estabilidade
e segurança. Falo por mim.
Não sei se a senhora teve que fazer essa escolha ou simplesmente não
teve escolha, mas que parecia feliz com o seu trabalho isso não há dúvida.
Sortuda.