terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

TROIKA

A propósito da visita da troika ao nosso país durante os próximos dias, ocorreu-me reflectir sobre o papel destas 3 instituições e da sua intervenção em Portugal. Há uns meses a Manuela Ferreira Leite cometeu a gaff de sugerir que talvez fosse benéfico suspender a democracia por uns tempos... Foi criticada por todos, mas actualmente, se não é isso que está a acontecer, anda lá muito perto.

Na Grécia a Troika é que diz o que se vai fazer, quando e como se vai fazer e isto é se o país quer “ajuda”, uma maneira simpática de fazer chantagem. Por cá a pressão ainda não é tão grande, mas lá chegaremos. Isto para dizer que a independência económica e de certa forma política é uma miragem nos países intervencionados, é um facto. A questão é: será benéfica?

Arrisco-me a dizer que sim.... Pelo menos em Portugal e desde 1974 que a lógica de governação tem sido baseada num descontrolo total em termos de finanças, não há uma estratégia de longo prazo e os governantes actuam apenas no sentido de se conservarem no poder o maior tempo possível. A intervenção da Troika inverteu esta actuação ainda que esteja a provocar um choque brutal que todos sentimos na pele. O actual governo toma as medidas que já deveriam ter sido tomadas há muito tempo e tudo isso com a desculpa de que são medidas impostas pela Troika. Ora, mesmo com esta desculpa, dificilmente o governo de Passos Coelho sobreviverá às próximas eleições porque nos últimos dois anos do actual mandato não vai poder enveredar pelo habitual despesismo que caracteriza a aproximação das eleições, a Troika ainda andará em cima de nós.
Ao contrário de muita gente, penso que a intervenção da Troika deveria durar 10 anos ou mais porque acredito que estes senhores estão a forçar-nos a tomar medidas importantes e têm a visão para saberem que a partir de certo ponto será necessário equilibrar as medidas de austeridade com medidas para o crescimento. Por outro lado com a sua intervenção não haveria margem para o governo relaxar e deixar-se levar na tentação de afrouxar muitas medidas de austeridade que estão a ser levadas a cabo e que são essenciais para reduzir o sobreendividamento do Estado.

Agora, as medidas em concreto já mereciam outro post...