terça-feira, 26 de julho de 2011

The land of the free



Não sei se já tiveram oportunidade de perceber em conversa comigo, mas eu considero os Estados Unidos a democracia mais perfeita do mundo. Representa a defesa intransigente dos direitos cívicos, a manutenção de um grau avançado de liberdade económica que incentiva a livre iniciativa e um processo político que permite aos cidadãos saberem sempre qual o Congressista que o representa e o que aprova/chumba durante o seu mandato.
Todos os sistemas têm defeitos mas de uma maneira geral as características que referi permitiram construir um país rico e poderoso, com o mais elevado rendimento per capita, excluindo os países micro tipo Luxemburgo.

No entanto, nas últimas semanas os políticos americanos parecem ter entrado em modo suicida. Actualmente os EUA têm um défice de 1.3 triliões de dólares e a dívida está a aproximar-se dos 100% do PIB, cerca de 15 triliões. Eles têm um limite à dívida pública na Constituição de 14,3 triliões que será atingido na próxima 3ª feira, dia 2 de Agosto. Se aquele limite não for elevado até lá, os EUA entrarão em default.

Agora o pior. Não é normal que se deixe algo tão importante para a última da hora, mas tal acontece porque o partido Democrata e o Republicano não se entendem. No ano 2000, quando o Clinton saiu, registava-se um excedente de 400 biliões. Quando chegou Bush, imediatamente utilizou esse dinheiro para baixar os impostos aos 2% de americanos que auferem mais de 250.000 USD por ano. Depois vieram duas guerras, a crise, os pacotes de estímulo, etc.
O Obama quer reverter essas reduções de impostos simultaneamente que se efectua cortes na Segurança Social e outras despesas sociais enquanto os Republicanos exigem que não se aumentem os impostos para os contribuintes que mais auferem e se façam cortes mais elevados nas despesas sociais. E assim estão, já quebraram as negociações duas vezes e o relógio vai andando. Umas das propostas que está em cima da mesa permite o país incorrer em apenas a dívida adicional suficiente para aguentar mais 6 meses e nessa altura repete-se esta "dança". Entretanto, a bolsa e a Economia andam num pequeno pânico.

O problema deles é completamente diferente do nosso, e estou certo que o resolverão a tempo, mas é só para mostrar que às vezes um país é o seu próprio pior inimigo.

3 comentários:

André disse...

Pois, um teimoso nunca teima sozinho...Haverá de se chegar a um consenso, dúvido que os republicanos queiram ficar manchados com a fama de responsáveis pelo país descer para AA ou entrar em default.

Ah, e o Tea Party ainda não abriu muito a boca...

Concordo contigo, é de facto o sistema menos imperfeito de todos. Basta apenas livrarem-se dos políticos e fica perfeito.

Nuno disse...

O Tea Party recusa terminantemente qualquer tipo de aumento de impostos, mesmo que seja só a eliminação de alguns benefícios fiscais, quanto mais o aumento de taxas.

Li no outro dia que uma pequena maioria de analistas espera um downgrade, mesmo com acordo à última da hora...

João disse...

E é justo um downgrade, tendo em conta a forma de actuação das agências ultimamente, em especial com os paises europeus.

Eles já não tomam decisões somente em factos concretos mas em suposições de eventuais riscos.

Temos exemplo da descida do Rating de Portugal logo após um aumento de impostos. Hoje é noticia a possibilidade da redução do rating da Espanha devido ao risco associado à Grécia, ou seja os países já não dependem só da sua actuação...

Mas como falamos em previsões e suposições, também há muitos analistas que defendem que as agências de rating são pró EUA, por isso tudo é possível.