Há uns tempos escrevi um texto aqui (“Just calm the fuck down”) em que basicamente dizia para termos todos calma, o mundo não vai acabar com esta crise. Bem, agora o título deste post poderia ser “Go ahead, just loose it!!”. Os factos mudam, eu mudo de opinião. Quando ouço alguém muito bem informado e com formação considerar a hipótese de abandonarmos o Euro por nossa própria iniciativa como sendo um caminho plausível para solucionarmos a crise nacional actual fico arrepiado. Foi isso que li na coluna do jornalista Nicolau Santos no Expresso. Basicamente ele dá-nos duas escolhas, andarmos uma década a penar, ou sair da zona euro e acabar com a crise em 2 anos (porque permitiríamos a depreciação do escudo e melhorar as contas externas e tudo melhoraria a partir daí). Não há nada de errado nesta assumpção, provavelmente aconteceria isso mesmo.
O que há de errado é esquecer o que viria depois. O jornalista admite que passado uns anos nos seria ser permitido voltar a zona euro. Na minha opinião isso está errado porque a CE nunca iria permitir esta autêntica cowboiada de Portugal de sai e entra. Depois porque Portugal fora da zona euro iria perder a pouca credibilidade que lhe resta e seria uma Argentina da Europa e seria (justamente) cilindrado nos mercados internacionais quer em termos de dívida pública quer em termos de importações.
Além disso a UE e a zona euro não é propriamente um brincadeira de crianças em que à primeira dificuldade se salta fora. O Euro tem apenas 9 anos e na primeira crise já queremos sair?!
Admiro muito o jornalista e não sou uma pessoa dogmática mas existem coisas que simplesmente não se podem colocar em cima da mesa. Temos de ser crescidinhos e lidar com as asneiras que fizemos.
Ainda no outro dia tive uma conversa de altíssimo nível com o João (quase só faltava estarmos a beber um Porto de boina na cabeça) em que concluímos que mais do que os políticos o nosso país (todos os países talvez) precisa é de uma revolução social que nos leve para um melhor Estado do que o que temos actualmente e para uma sociedade mais justa. Ainda que tenhamos discordado um pouco no conceito de sociedade justa...Mas isso daria outro post :p
6 comentários:
Melhor estado? Eu acho que precisamos de MENOR ESTADO.
Melhor Estado não implica maior Estado.
Aliás uma das ideias gerais que lançamos na conversa e que ambos concordamos iria reduzir o papel do Estado.
É um cliché mas é a minha opinião: enquanto as mentalidades não mudarem, nada feito. Falo por mim e por todos os que se indignam com o despesismo do Governo e corrupção nas altas esferas.
Quantos de nós não cometeriam os mesmos "pecados" perante as mesmas circunstâncias?
Quem é que pede factura nos restaurantes?
Quem é que não aceitaria receber um ordenado por fora se isso significasse menos IRS no recibo de vencimento?
Quem é que se preocupa em gastar menos ou preservar os bens públicos de forma a evitar mais despesa do Estado?
Etc, etc, etc...
Mais um post e comentários de elevadíssimo nível. Eu não concordo com o Nicolau, não quero uma repetição dos anos 80 com inflação e taxas de juro nos dois dígitos em nome de alguma competitividade comercial. E como iríamos cumprir o serviço da dívida em divisas com a nossa moeda sempre a desvalorizar? Já repararam que Portugal sempre preferiu recorrer a "truques" e soluções rápidas para resolver os seus problemas? Quando um grupo de países usa a mesma moeda, as respectivas balanças comerciais são um excelente indicador sobre a competitividade das suas empresas. Já é mais do que tempo de nos deixarmos de choradeiras e resolver esse problema.
Quanto à questão das mentalidades, precisamos sem dúvida de uma mudança. Há que incutir no povo português o sentido de comunidade e respeito pela coisa pública, há demasiada gente encostada ao Estado, sempre a estudar onde pode beneficiar do dinheiro dos contribuintes, e não são só os políticos. É preciso também uma exigência maior em relação a todos os cargos de liderança. Mas acima de tudo temos de rejeitar este Estado paternalista de quem se espera a iniciativa em demasiadas áreas, desde a assistência social até à Economia (e isto já desde os Descobrimentos, passando pela Revolução Industrial, que nos países anglo-saxónicos se fez pela iniciativa privada e aqui pelo voluntarismo do Estado). Os portugueses têm um medo de morte de arriscar alguma coisa. E é isto que leva à existência desta máquina enorme e desorganizada, porque apesar de todos os cidadãos se queixarem dele, no fundo quando estão sozinhos na cabina de voto são assaltados pela dúvida terrível, o que faremos sem ele?
PS: Delindro, posso depreender que amanhã vais apresentar a demissão? Já era menos um...
Não apresento a demissão porque estou numa área que acho que tem que ser de intervenção do Estado. Fiscalização e Regulação são funções do estado.
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